terça-feira, 21 de julho de 2009




Eu ainda me lembro de quando ele me fazia de modelo, me arrumava toda, ajeitava meu cabelo e me colocava em várias poses para tirar fotografias. Ele me levava para comprar roupas de vez em quando, quando dava, e eu adorava!

A diferença de idade entre nós me incomodava quando eu era pequena, porque eu sempre queria estar por perto, ir nos mesmos lugares, ter os mesmos amigos. É claro que hoje sou feliz por ser mais nova!!!! rsrsrsrs

O fato é que com o passar dos anos construímos uma relação que pra mim, hoje, é essencial. Continuo me sentindo protegida e querida como quando era criança, mas agora podemos conversar de igual pra igual. É diferente. E é mais gostoso ainda. Com ele já passei horas no telefone, já trocamos muitos emails, já nos divertimos no MSN, já ouvi muita coisa que não queria mas que precisava, já levei muito puxão de orelha e lição de moral. Afinal, para isso também servem os irmãos mais velhos!

Eu sempre o admirei. Antes porque ele era o irmão mais velho, que me protegia, que me dava carinho, que era responsável e fazia coisas que eu não podia fazer. Mas hoje eu o admiro pela pessoa que ele se tornou. Admiro-o pelo caráter, pela honestidade, pela personalidade. Por tudo que ele já passou, por tudo que conquistou. Admiro-o pela família que construiu e que eu amo tanto quanto a mim mesma.

Ontem ele fez 35 anos. Não passamos juntos, não nos vimos, não pude dar um abraço apertado. Mas meu coração se encheu de alegria e gratidão pela sua existência em minha vida. As diferenças são relevantes quando comparadas ao amor e a amizade que existe entre nós. Hoje sinto falta dos telefonemas e dos emails que os rumos que as nossas vidas tomaram se encarregaram de dificultar. Sinto falta da presença, do abraço e da companhia que a distância não permite com a frequência que gostaríamos.

Mas, maior que tudo isso, é a alegria e a gratidão por sua vida e por sermos família, por fazermos parte um do outro, apesar de todas as coisas que façamos, dos rumos que tomamos e das pessoas que somamos à nossa vida. Uma coisa é certa e nunca vai muidar, somos irmãos. E gostamos disso. E precisamos disso. E isso, não tem preço.

Parabéns! Desejo toda a felicidade que possa existir, todo amor, paz, saúde, realizações. Sua felicidade também traz felicidade à minha vida.

Não importa quantos anos tenha, pode estar com os cabelos todos branquinhos, rodeado de netos, mas pra mim vc sempre vai ser o meu irmão. Pra mim, você sempre vai ser o Nê!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Sábias colocações

"Haverá algum momento em que conseguiremos resistir à tentação dos holofotes e iluminaremos a nós mesmos sozinhos, sem medo da monstruosidade da primeira impressão? Sem essas iluminâncias dificilmente saberemos que somos, e se não soubermos nossa vida será apenas um desfile. E os desfiles terminam. O show acaba e o artista tem de voltar para sua solidão. E o sucesso, talvez não esteja no aplauso, mas na solidão...
...Parece mais fácil vencer o medo de não dar certo apontando os erros dos outros do que vasculhando a própria essência... Vivemos competindo com os acertos dos outros, tentando superá-los, e com as falhas dos outros, tentando mostrar que não falhamos tanto. É sempre o outro. O seu aplauso ou seu desprezo. O seu sucesso ou seu fracasso. É sempre o outro o prato principal. E eu? Onde eu fico? Não se trata de egocentrismo, mas de identidade...Parece mais fácil escolher amparado no outro, desculpando o próprio fracasso por causa do outro. Mas é menos nobre. Menos inteligente. Fracassar faz parte da trajetória. Quedas fortalecem a caminhada desde que se perceba a queda e se compreenda que ninguém, a não ser eu mesmo, é responsável por ela...
...Não é preciso ter desculpas para um namoro que fracassou, um negócio que não deu certo, a postergação do sonho de aprovação em um concurso ou vestibular... Essas franjas hão de enfeitar a tessitura da vida se forem percebidas como pausas de uma trajetória, como o recomeçar de uma amizade em que ficou faltando ternura e que por isso a lenha foi se consumida sem ser substituída...
...Perdemos tanto tempo apontando a pecadora. Tanto tempo com as pedras na mão na iminência de dar cabo ao empreendimento assassino...E depois quando ficarmos a sós conosco mesmos, o que seremos capazes de dizer?
...Embora eu caia e chore muito; embora eu erre e me revolva em erupções cotidianas tentando acalmar as lavas que me inceideiam para que o outro não se assuste com o meu vulcão, tento compreender a minha essência.
...Já fiz coisas que não quis por não saber dizer não. Já fiz coisas que quis e das quais me arrependo. Já deixei de fazer o que devia por ter medo de magoar e já fiz o que não devia apenas para agradar. O tempo nos empresta sabedora se assim o quisermos....Não que deixaremos de errar. Mas o erro será bem vindo porque fará parte de uma compreensão maior. E isso é a essência. As aparências fragilizam-se com o tempo. A essência não.
O inferno são os outros porque projetamos nos outros a nossa realização e aguardamos deles uma ação que amenize o vazio que nos habita. Isso não é possível. Porque cada um tem de experimentar o território sagrado do silêncio e da solidão. E cada um, para existir de fato, tem de dar conta do próprio vazio.
Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos. (Fernando Pessoa)
Abandonar as roupas usadas e ousar novos caminhos. É um desperdício deixar o burrinho interminável da teimosia, roubar a preciosidade da solidão e do silêncio. Não há por que ter medo. É bom ficar a sós e reconstruir as pedras e enfeitar com flores os sobrados que se desmancharam por aí. Talvez não fique igual. Talvez seja melhor que nasça diferente...Não há pessoas iguais nem sentimentos iguais. Há novas tentativas, novas formas de descobrir e dar significado a um rosto que era só multidão."
Ufa....preciso respirar agora! Esses são alguns trechos extraídos do livro "Cartas entre amigos" que estou lendo bem devagar, como quando comemos nosso prato favorito, a fim de saborear cada pedacinho, cada momento. Faço minhas todas essas palavras, escritas com a alma. Meu coração pulsa mais forte a cada uma dessas linhas, como se estivesse sendo traduzido tudo aquilo que arde dentro de mim. Como se, como num eletrocardiograma, cada batimento, cada sentimento, cada dúvida, cada medo, cada angústia fossem traduzidos em palavras nessas linhas.
"Pai,
Tá difícil manter o caminho
Tenho andando em meio a espinhos
Nem sempre é tão fácil acertar
Pai,
emoções descalçam os meus pés
Me roubando em meio a cordéis
me enlaçam em minhas fraquezas
Pai,
eu nem sei o que te falar
Mas eu quero recomeçar
Me ajuda nesse instante

Preciso da tua mão
Vem me levantar
Faz-me teu servo, Senhor
Me livra do mal
Quero sentir o teu sangue curar-me
Agora, meu Senhor, vem restaurar-me

Pai,
Tá difícil manter o caminho
tenho andado em meio a espinhos
Nem sempre é tão fácil acertar"
(música de Aline Barros)

E não é mesmo...