terça-feira, 30 de dezembro de 2008

"Definitivo".....e lindo!

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, squivando-se do sofrimento,perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...

Carlos Drumond de Andrade

Voltando pra casa.


Dia 28/12.
Voltando pra casa. Cabeça a 1000. Coração apertado. Confusão de pensamentos, sentimentos e idéias. Apenas um desejo. Encontrar a resposta.

Esse é o meu desejo para o ano novo que tá chegando. Que 2009 venha cheio de respostas e novos caminhos.

Olhando a paisagem da estrada e imaginando o futuro. Vendo o sol se pôr e esperar que ele nasça de novo, trazendo com ele novas esperanças, novos horizontes, traçando novos caminhos na paisagem da vida.

(escrito em 28/12 dentro do carro, voltando pra SP)

Marley e eu.


Depois de ler o livro, devorá-lo em 3 dias, chegou a vez do filme.

Estreou no dia 25/12. Deia 26 fomos assistir em Londrina, a macacada toda reunida!

Depois de perder 2 ingressos, de quase chorar de raiva e de quase ter que pagar de novo, consegui entrar na sala. Graças a Deus e a moça da bilheteria não precisamos pagar novamente.

Lindo, fofo e triste. Faz rir e chorar, mais chorar do que rir, assim como o livro.
Se chorei lendo o livro, imagine com o filme. Lavei a alma. Saímos todos de olhos inchados!

O filme me trouxe a memória todos os cachorros que já passaram pela minha vida, e não foram poucos. E chegou a hora de homenageá-los, pois eles fizeram parte da minha história e, com certeza, a personalidade de cada um teve muita influência em mim, cada um em seu momento.

Chitãozinho, meu companheiro fiel de infância. Que ouvia todas as minhas lamentações, ficava quietinho do meu lado enquanto eu chorava escondida, que aguentava minhas revoltas de querer fugir de casa. E me apoiava em tudo isso!
Lessi, Xuxa, Garoto, e tantos outros que nem me lembro mais. Que sempre me botavam medo e me assustavam.
Caco, Leco. Inesquecíveis.
Tigui, Zurco. Não são meus, mas fazem festa mesmo assim quando me vêem.

E aí me lembro do texto feito pela campanha da Pedigree e com ele encerro meu post de hoje em homenagem aos cães.

"Somos loucos por cachorros.

Algumas pessoas são a favor das baleias, outras das árvores.
Nós gostamos mesmo é de cachorro.

Dos grandes e dos pequenos. Os de guarda e os brincalhões.
Os de raça e os vira-latas.

Somos a favor dos passeios, das corridas e travessuras, de cavar,
coçar, cheirar e brincar.

Somos a favor dos parques para cachorros, de porta para cachorro.
E da vida de cão.

Se houvesse um feriado internacional, em que todos os cachorros fossem reconhecidos por sua contribuição para a qualidade de vida na Terra, seríamos a favor também.

Porque somos loucos por cachorros.


CACHORRO É TUDO DE BOM!"

Natal em família.







Fomos para Londrina, passar o Natal.

ÓTIMO, é assim que posso descrever meu final de semana. Estar perto das pessoas que amo, cercada de carinho e muitas risadas, não existe nada melhor.

Tirando "aqueles" probleminhas que insistem em continuar a "encher o saco", o resto foi muito bom. A companhia da família, a comilança, a espera pelo "Papai Noel", a chegada dos presentes (e foram muitos!), dormir de madrugada todos os dias, acordar tarde.

Meus sobrinhos estão lindos. A companhia deles é um refrigério, tudo fica mais leve, mais colorido e engraçado. Os arranca rabos entre nós, as baboseiras que falamos e fazemos, tudo é motivo de riso fácil e festa.

Família é complicado, mas é TUDO DE BOM! E eu agradeço a Deus todos os dias pela minha, que apesar das diferenças e dos altos e baixos, é a melhor do mundo.

Agora é esperar pelo Reveillon, que não vai ser em família, mas espero que seja muito bom.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Ninguém merece!


As pessoas realmente são esquisitas. Sim, todas têm suas esquisitices, inclusive eu. Aliás, ás vezes me acho a pessoa mais esquisita do mundo.

Mas algumas esquisitices beiram à doença, e isso me irrita profundamente. A capacidade que algumas pessoas tem de mentir descaradamente, de inventar histórias mirabolantes para se livrarem de uma saia justa é algo simplesmente INEXPLICÁVEL pra mim e que me deixa extremamente irritada.

Existem pessoas que parecem que nasceram pra te irritar, pra tirar a sua paz e a sua tranqüilidade. Eu convivo com uma pessoa assim. Muitas vezes, analisando melhor a situação, questionei se o problema não seria eu, se eu não estava na verdade me sentindo ameaçada de alguma forma por aquele ser que insistia em me provocar. Confesso que descobri alguns sentimentos escondidos dentro de mim, talvez um pouco de ciúmes por eu estar perdendo um pouco de espaço ou coisa assim. Mas na verdade, mais do que isso, o que me atinge é a mentira. ODEIO mentira, ODEIO a atitude de pessoas que querem se dar bem em tudo e pra isso fazem qualquer coisa, ODEIO a falta de atitude pra assumir seus erros, ODEIO a atitude de se fazer de santo, ODEIO o falar por trás, ODEIO o comodismo, ODEIO o conformismo, ODEIO a falta de iniciativa, ODEIO a falta de interesse em evoluir seja como pessoa ou como profissional. Enfim, é isso que me irrita, que me tira do sério, que acaba com o meu dia. AMO gente, mas ODEIO as atitudes desse tipo de gente.

Existem tantos caminhos legais para se criar relacionamentos interessantes, baseados em coisas legais, sólidas, sejam de amizade ou amoroso. Mas parecem que essas pessoas desconhecem coisas tipo como VERDADE, SINCERIDADE, HONESTIDADE, LEALDADE. Traçam caminhos dos mais difíceis, cheios de curvas, de morros, de escuridão, de altos e baixos, mas ainda assim os preferem. Não são capazes de “jogar limpo”, de serem “normais”, de formar uma rede de relacionamentos baseados em sentimentos puros, transparentes.

Complicado esse tipinho de gente. Difícil lidar com essa espécie que já deveria estar em extinção, mas parece que se multiplica como erva daninha. E o pior disso tudo, é a capacidade que essas pessoas tem de manipular as outras. Normalmente elas são dotadas de um bom humor, um carisma que atrai as pessoas pra perto de si. Sabe aquela expressão “amigo da onça”? Acho que seria apropriadíssima para esse tipo de gente. Chegam fazendo a maior festa, agitando o pedaço, conquistando a simpatia de todos, marcando território, mas por trás vão aprontando sem ninguém perceber, comendo pelas beiradas. Aí quando ela pisa na bola com um de seus “amigos” a coisa é perdoada facilmente, afinal ela é uma pessoa tão legal, tão gente boa que vale a pena dar uma chance. Pronto, a barra ta limpa de novo com a galera, ta tudo certo pra aprontar mais alguma. ODEIO.

Alguns me dizem para não me abalar com o que vem de baixo, que estou acima disso tudo, que as pessoas que me conhecem sabem quem eu sou e etc. Que se dane tudo isso, essas coisas me tiram do sério, me irritam de uma forma que não dá pra explicar. Como não se abalar ao ver uma pessoa que mente o tempo todo, que é falsa, que engana, que inventa coisas, que faz as coisas de qualquer jeito, que não ta aí pra nada (a não ser pra si próprio) e ainda sim as pessoas defendem, se preocupam em ajudar, faltando só fazerem reverência. Impossível, pelos menos no presente momento. Acho que ainda tenho que aprender essa lição. Mas pra mim isso tem um nome: SAFADEZA e INJUSTIÇA. E isso, não tem jeito, eu não engulo. Nem com sorvete, que eu adoro!

Não desejo mal pra ninguém, nem pra essas pessoas. Só quero distância de mim, e muita de preferência. Na verdade sou mole que nem geléia, não consigo negar nada pra ninguém quando me pedem ajuda. Mas não me pedem pra levar pra casa, pra participar da minha vida porque aí não dá. Ficamos com a superficialidade, sem falsidade, que tá bom demais. Acho que nisso também está o amor, em não prejudicar as pessoas, mesmo que elas, em algum momento, façam isso com você.

(Escrito em 28/11/2008)

Tô Cansada!


Hoje estou profundamente ansiosa.
Não estou cabendo em mim mesma, de tanta ansiedade.
Ansiedade por tantas coisas, decisões, indecisões, incertezas, vontades, desejos...

Essa situação de Londrina tem mexido muito comigo, mais do que imaginava. Não estou conseguindo segurar a ansiedade e a vontade de que realmente desse certo.
A mensagem do celular ontem foi desanimadora e, por mais que eu tente ser otimista nessa hora, por dentro estou perdendo as esperanças.

Estou cansada também. Cansada do meu trabalho, das pessoas, das conversas, das mesmas coisas.
Cansada de esperar. Esperar por tudo, pela decisão, pelo futuro, pela melhor hora, o melhor momento. Esperar a situação melhorar, esperar o agir de Deus, esperar pelo milagre.

Tem dias que tudo que a gente queria era poder resolver as coisas, AGORA. Assim aliviaria nossas angústias, nossos medos e preocupações.

Li um texto ontem sobre finanças, sobre como controlar as finanças à luz da palavra de Deus. To cansada disso também. Cansada de ter que controlar cada centavo, de deixar pra depois as coisas que tenho vontade de fazer, de comprar, em nome de uma tranqüilidade financeira que eu nem sei se existe. To cansada de abdicar das minhas vontades, dos meus consumismos, em nome de que??? O que eu ganho com isso??? OK, talvez minha conta fique menos vermelha e eu pague menos juros para o banco, em compensação fico menos feliz e menos satisfeita. To cansada dessa coisa certinha que é pregada em todo lugar, to cansada.

To cansada da mesmice. To cansada de não poder fazer o que quero fazer. To cansada de estar sempre devendo e cansada de não poder fazer muitas coisas justamente por estar devendo. To cansada de não ter dinheiro pra pagar as minhas dívidas e cansada de não ter dinheiro pra fazer mais dívidas.

To cansada dessa história de responsabilidade. Porque a gente sempre ter que ser responsável, tem que ter consciência das coisas, tem que pensar nas conseqüências???
Porque a gente não pode agir pelo impulso, porque a gente não pode fazer aquilo que dá vontade, sem ter que pensar se isso é o certo ou não? Sem ter que pensar se esse é o melhor momento ou não?? Em nome de que tudo isso?? Quem pode garantir qual é o melhor momento ou qual a coisa certa a se fazer??

To cansada de esperar sei o lá o que e sei lá de onde.

Minha vontade agora era jogar tudo pro alto, pegar minhas coisas e dar uma volta por aí, pelo mundo. Depois?? Sei lá. Que se dane o depois.
A gente nem sabe se vai haver depois, porque tem que ficar sempre pensando nele???
A gente pensa demais no depois e vive muito pouco o agora. Isso me angustia.
Amanhã tudo acaba e o hoje ficou para trás. Não fizemos o que tivemos vontade e nem vamos fazer mais, porque o amanhã não veio. As oportunidades passam e às vezes não voltam novamente. E aí?? Já era.

Hoje quero me libertar. Me libertar de tudo que me prende, de tudo que me angustia, de tudo que me dá medo.

Hoje quero viver. Viver sem medo. Viver sem pensar no amanhã. Quero viajar mais. Quero ler mais. Quero trabalhar em algo que realmente faça algum sentido pra mim, que me dê ao menos algum prazer e que não seja apenas por obrigação. Quero estar perto das pessoas que eu amo e que me fazem bem. Quero ficar longe daquelas que não fazem diferença. Passar a horas fazendo o que gosto, ou simplesmente fazendo nada.

Hoje queria sentar frente a frente com Deus. Olhar bem nos olhos dele e fazer com ele me respondesse todas essas perguntas. Depois ele poderia até me convencer que estou errada em tudo isso, mas aí já não faria a menor diferença. Eu poderia simplesmente deitar minha cabeça em seu colo, chorar tudo que eu to com vontade agora, fechar os meus olhos e adormecer. E quando acordasse...tudo seria diferente. Inclusive eu.
(Escrito em 26/11/2008)

Esperar...


Hoje estou especialmente ansiosa pela resposta da volta para Londrina.

Desde a descoberta da possibilidade de voltar tenho tentado controlar a ansiedade e a expectativa, mas confesso que está cada dia mais difícil. Principalmente quando venho para o escritório e me deparo com situações que não tenho mais a menor paciência de agüentar.

Esse final de semana fiquei com a cabeça a mil por hora por conta disso. Fazendo 1000 planos, construindo um mundo novo na minha cabeça, pensando em cada detalhe minuciosamente.

Na verdade essa possível volta pra Londrina incita sentimentos diversos e opostos em mim. Se por um lado quero voltar para estar mais perto da minha família e amigos, por outro temo a convivência diária com eles devido aos problemas de relacionamento que existem. Se por um lado quero voltar para ter mais qualidade de vida e tranqüilidade, por outro temo justamente essa tranqüilidade e talvez a possibilidade de sentir falta do agito e do leque de opções que São Paulo oferece a quem vive aqui. É uma situação complicada, como toda mudança. A diferença é que neste caso não estamos indo para um lugar desconhecido e, sim voltando pra casa.

Não sei quais são os planos de Deus para nós, mas nesses dias tudo o que mais queria é que a vontade dEle fosse a minha também!

É claro que, caso voltemos mesmo, precisamos estar preparados para uma nova adaptação, pois apesar de estar voltando para nossa cidade, ela será necessária.

Como disse outro dia, tenho aprendido que as coisas dependem mais de nós mesmos que dos outros, e comigo não é diferente. Creio que muitas coisas dependerão de mim e da forma como vou lidar com as situações que se apresentarem a nós, por isso temo também essa mudança.

Esperar. Essa tem sido a palavra desses dias. Esse tem sido o verbo que estamos aprendendo a conjugar e, principalmente, a praticar.

(escrito em 24/11/2008)

Um pouco de mim



Minha já mãe ficou sabendo da mudança do meu irmão de Londrina para Paranavaí. Achei que a reação dela foi boa, melhor do que esperava.Claro que o pior ainda virá, a despedida, a mudança de fato. Aí sim acho que ela vai realmente sentir a distância.

Mas o que é a vida senão isso mesmo? Surpresas que aparecem no meio do caminho, presentes que recebemos sem esperarmos, ou na verdade até esperamos, mas não acreditamos muito que vamos receber. Mudanças. Lugares novos, pessoas diferentes, sair da nossa zona de conforto e nos confrontarmos com o novo, com novos desafios. Quando achamos que chegamos no fim, novas portas se abrem e começa tudo de novo. Assim é a vida, e graças a Deus por isso!

Depois de ler o blog da Cristiana Guerra e de ler também seu livro (para Francisco) pensei um pouco mais na vida, na minha vida em especial. Quantas coisas aconteceram até aqui. Pra falar a verdade, me inspirei nela para escrever, não com a pretensão de ser tão eficiente em expressar-se através das palavras, mas de deixar registrado um pouco de mim, da minha história que muito já se perdeu pelo caminho até aqui.

Sempre questionei muitas coisas que aconteceram em minha vida. Primeiro de tudo a morte do meu pai. Nunca entendi porque isso aconteceu, não naquele momento. Eu tinha 9 anos de idade, aliás fazia 4 dias que tinha completado essa idade. Ele me deu de presente um radinho com um microfone que gravava tudo que eu cantava. Não me lembro exatamente porque eu queria aquele presente, mas eu o queria e ele me deu. Ainda estava curtindo aquele presente tão esperado, quando a “vida” arrancou meu pai de mim. Não esqueço aquele dia. Era madrugada, meu pai não chegava nunca e na minha casa uma movimentação fora do normal. Ninguém me dizia nada, mas eu sabia que alguma coisa estava diferente. Algumas coisas se apagaram completamente da minha memória, como se uma borracha tivesse sido passada em mim, e eu sinceramente não me lembro como recebi a notícia e nem quem a me deu. Algumas coisas somem e quando me lembro já estou no velório, realizado na Acesf em Londrina. Muitas pessoas, professores do colégio onde estudava, amigos dos meus irmãos, pessoas que eu nem conhecia direito. Depois já estou no cemitério, dando um beijo no rosto gelado do meu pai, que estava deitado naquela caixa sem nenhuma resposta a toda aquela movimentação em volta dele. Fecharam a caixa e desceram-na terra abaixo. Nunca mais veria o meu pai, nem sequer ouviria a sua voz e muito menos receberia seus carinhos e sua proteção outra vez. Até então nunca tinha me defrontado com a morte, a não ser dos meus gatinhos, mas eles sempre eram substituídos por outros. Mas para meu pai não haveria substitutos, eu nem admitiria isso. Era o fim. O fim e o começo. O fim da vida dele aqui conosco. O fim da convivência nossa com ele, o fim de muitos sonhos para o futuro juntos. O começo. De uma nova vida sem meu pai, sem o marido da minha mãe, sem o provedor da nossa casa. O começo de uma nova fase do jogo da vida. Uma fase difícil. Como nos jogos de vídeo game, na fase anterior perdemos uma vida e agora tínhamos que prosseguir com as vidas que tínhamos. Só que com uma diferença, não ganharíamos essa vida de volta caso alcançássemos sucesso nessa nova fase. Tínhamos que absorver rápido essa perda e aprender a jogar com ela.

Lembro-me de ter faltado nas aulas nos dias seguintes a morte do meu pai. Lembro também de ser recebida com muito carinho quando voltei e um buquê de flores da turma e da Tia Isabel, minha professora da 3ª série, que eu cursava naquele ano. Não lembro mais de muitas outras coisas, sinceramente. Na verdade, pra mim mesmo poucas coisas mudaram de imediato na minha vida. Meu irmãos e minha mãe fizeram sempre de tudo para que eu sentisse minimamente o impacto da perda. É claro que quanto a saudades nada podia se fazer, mas eu sentiria mesmo mais tarde.

Minha mãe teve que aprender a lidar com situações do dia a dia que ela não estava habituada, pois sempre foi muito dependente do meu pai. Até coisas simples como fazer supermercado pra ela era complicado no começo. Ela não trabalhava, não tinha conta em banco, não lidava com o dinheiro. Lembro-me como ela trabalhou. Trabalhava de doméstica pra ajudar no orçamento, porque a pensão que ela recebia era muito pouco.
Eu sempre estudei em colégio particular, cujos alunos em sua maioria eram abastados, ninguém, ou quase ninguém, passava por esse tipo de situação. Confesso que tinha vergonha da minha mãe trabalhar em casa de família, hoje me envergonho de mim mesma por ter sentido isso. Na verdade sofri muito com a diferença social em que sempre estive inserida. Minhas amigas tinham tudo, os cadernos mais bonitos, as mochilas mais lindas, várias canetas diferentes e coloridas, vários uniformes. E eu nunca podia ter nada daquilo. Os pais sempre iam buscar de carro na escola e minha mãe me buscava de ônibus. Eu tinha vergonha de levar qualquer amigo na minha casa, pois era tudo muito simples, inclusive a comida. Acabei me tornando uma pessoa introvertida, muito mais do que gostaria. Sempre me senti menos que os outros por ter menos dinheiro. Sempre me escondi mais do que gostaria, com medo que todos notassem que eu não estava no mesmo patamar que a maioria.

Meu irmão do meio saiu de casa para fazer teatro em SP, para desespero da minha mãe. Meu irmão mais velho assumiu a casa ainda tão novo, assumiu o lugar do meu pai também na empresa. Totalmente sem opção para fazer escolhas, o que seria tão normal na idade dele. E de uma forma muito especial assumiu o lugar do meu pai também na minha vida. Mas 4 anos após a morte do meu pai, em 1995, ele se casou. Deixou a nossa casa para construir a sua própria vida. Ficamos eu, minha mãe e minha avó. 3 gerações da nossa família, 3 gerações de mulheres tão diferentes e ao mesmo tempo tão parecidas, cada uma enfrentando os problemas que a vida havia colocado diante de nós. Ainda em 95 me tornei tia, nascia meu primeiro sobrinho, o primeiro neto, o primeiro filho. Enfim, uma alegria para nossa família!

Logo depois disso, em 1996, minha avó adoeceu. Se pensávamos que já tínhamos passado momentos difíceis, é porque ainda não sabíamos o que estava por vir. Na verdade, nem sei direito tudo que deu na minha avó, só sei que ela ficou cega, sem andar e, aos poucos, perdeu toda a lucidez. Minha mãe parou de trabalhar pra poder cuidar dela, assim menos dinheiro entrava em casa. Não passamos fome, porque graças a Deus sempre tinha pessoas que nos ajudavam de alguma forma. Mas me lembro de, mais de uma vez, chegar em casa da escola e ter apenas arroz e ovo no almoço. E minha mãe, com o semblante mais sofrido que eu já tinha visto, inconformada com aquela situação, mais por mim do que por ela. Eu ficava revoltada sim, mas por dentro. Fazia o maior esforço possível para não expressar essa revolta para minha mãe, porque sabia o quanto ela já estava sofrendo com tudo aquilo e não queria ser mais um motivo. Passamos noites em claro com minha avó gritando em delírios no outro quarto, ou então, carregando-a, nós duas, para o banheiro para dar banho e limpá-la, pois fazia todas as necessidades na cama e não tínhamos condições de comprar fraldas geriátricas. Vivemos exatos 10 meses assim, até minha vó partir. Sofri com a morte do meu pai, mas acho que sofri muito mais nesses 10 meses da minha vida. Sofri pela minha mãe, sofri pela minha vó, sofri por mim mesma. Estava entrando na adolescência e enquanto a preocupação das minhas amigas era estudar, passear, fazer inglês, Kumon, praticar esportes e paquerar, a minha era voltar pra casa e ajudar a cuidar da minha vó e me contentar com o pouco que tínhamos para comer. Isso tudo sem reclamar muito, pois não queria esfolar ainda mais o coração da minha mãe. Graças a Deus permaneci estudando no mesmo colégio, por muito esforço e humilhação da minha mãe, os diretores me deram bolsa integral e pude continuar tendo um ensino de qualidade.

Nesse período também, em meio a tanto sofrimento e questionamentos, conheci o amor. Apaixonei-me perdidamente por um colega de escola, da minha classe. Vivi a experiência mais gostosa da minha vida até então, uma experiência que era só minha, que trouxe alegria e sonho pra minha vida. Encontrei mais um motivo para sorrir e sonhar! Ninguém podia entender a dimensão desse sentimento, talvez por estar sofrendo tanto pelas circunstâncias que a vida havia imposto a mim e à minha família, depositei nesse amor toda a minha expectativa, todos os meus sonhos de garota que ainda não tinha realizado e nem havia perspectivas de realizá-los. E também foi nesse período que conheci a frustração. Não fui correspondida a altura e me senti completamente decepcionada, desiludida e minha alto-estima, que já era baixa, caiu ainda mais.

Mas foi nesse período também que conheci uma pessoa muito especial e, essa sim, trouxe uma nova perspectiva pra mim. Jesus. Ainda morávamos na chácara do curtume e minha mãe sempre fazia vigílias e cultos lá. Num desses participei no momento do louvor e uma música em especial falou comigo e me fez chorar profundamente. “Quero que valorize” é o seu nome. Ah, como essa letra mexeu comigo, com os sentimentos mais ocultos, com as dores que ninguém via ou sabia que existiam em mim, mas elas estavam lá dentro, onde ninguém podia chegar. Mas Jesus estava vendo. Ele me via! Ah, como era bom saber que alguém sabia exatamente o que eu sentia e, melhor que isso, entendia todas as minhas dores, as minhas angústias, as minhas decepções, meu medos, minhas mágoas. E melhor ainda, ele podia curar cada uma das minhas feridas! Isso parecia maravilhoso, e era.
(Escrito em 21/11/2008)

Minhas aventuras de leitura...


Eu e a Cris no lançamento do livro dela, para Francisco.


Adoro ler. Comecei minha aventura pelos blogs há pouco tempo, mas nesse pouco tempo conheci alguns que fazem diferença pra mim. E foi através de um blog, o da Iana, que cheguei a outro blog, o Para Francisco, e, esse sim, fez muita diferença na minha vida. E o blog, virou livro, e eu o comprei é claro. Inclusive fui ao lançamento desse livro aqui em São Paulo, no dia 25/11/2008.

Comecei a lê-lo e não queria mais parar. Uma história muito triste, mas ao mesmo tempo muito forte, que ensina muita coisa.
Uma mulher que perde o namorado 2 meses antes de dar à luz ao filho deles. Uma história de amor tão linda, mas com um desfecho tão doloroso. Muitas coisas que ela escreve serve de lição pra nós, pelo menos pra mim. Em meio a tanta dor ela encontra na escrita um meio de aliviar essa perda e conhecer mais de si mesma.

Acho que é por isso que eu amo escrever. Escrevendo vc mostra quem realmente vc é e acaba conhecendo mais de si mesmo, a cada dia. As pessoas te conhecem como vc é de verdade, e temos a oportunidade de gostar de nós mesmos da maneira que somos. É fascinante!

Como é lindo ver uma história de amor tão bonita e saber que essas coisas existem de verdade. Como é bom poder aprender com as experiências dos outros e perceber que a felicidade depende mais da gente mesmo do que dos outros. Que cabe a nós valorizar as pessoas que estão conosco, a família que temos, às pequenas coisas do dia a dia. Porque realmente não sabemos o que nos espera no próximo minuto, não sabemos se haverá futuro.

Cada vez mais percebo que depende muito mais de mim do que dos outros. Embora, muitas vezes ainda não saiba direito como agir diante de algumas situações, principalmente as familiares, mas tenho percebido que muitas coisas estão nas minhas mãos. Tudo depende da forma como encaramos as coisas, o olhar que usamos para enxergar os fatos e as pessoas. E a decisão de como agir diante das coisas é sempre nossa. Só me resta pedir a Deus que me ensine a agir sempre da maneira como Ele agiria, pois isso eu também aprendi, que as coisas vistas sob a perspectiva dEle e a atitudes tomadas sob a lógica dEle são SEMPRE melhores.
(Escrito em 19/11/2008)