quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A morte.





Ontem faleceu o pai da minha amiga zóiuda Sheiloca.


Ao receber seu telefonema ontem no meio da tarde dando a notícia, relembrei os momentos vividos há tantos anos atrás, quando também perdi meu pai.


Sempre fico meio embaraçada nessas horas, sem saber o que falar, como agir, porque sei que nada que possamos fazer ameniza a dor e o sofrimento da perda. A ligação de ontem não foi como de costume, cheia de brincadeiras, risadas e alegria. Veio carregada de choro, lágrimas e muita, muita dor. Mas houve uma ligação, e é isso que importa na verdade. Saber que temos amigos pra essas horas em que o chão parece se abrir na nossa frente e nos suga para baixo, é realmente reconfortante.


Hoje nos vimos, nos abraçamos, choramos juntas. Hoje a sua dor também foi minha e me fez reviver a dor que também senti há 18 anos atrás. Sei que a vida não será fácil daqui pra frente, principalmente agora no começo, até acostumar com a idéia de não ter mais aquela pessoa todos os dias, de não ter mais o abraço, o beijo, o conselho, o colo. Mas um dia essa dor muda de nome, vira uma saudade carregada de boas lembranças. E é isso que temos que levar conosco sempre, as boas lembranças, o tempo que passamos juntos daqueles que amamos e que, por certo período, nos fizeram muito felizes.


Momentos assim me fazem pensar no que realmente vale a pena. Temos tanta coisa em mente, mas será que tudo vale a pena?


E a vida segue como um livro. De repente, um ponto. Uma nova página. Um novo capítulo. A história já foi escrita, mas não sabemos como nem quando vai terminar. E assim, em meio aos pontos, vírgulas, parágrafos e páginas, temos que nos adaptar àquilo que nos é proposto e continuar. Até o dia em que a nossa história também chegará ao fim. A história é nossa, mas não nos pertence. Não conseguimos escrever como queremos, não podemos mudar o que gostaríamos, não podemos criar o fim que desejamos. E acho que esse é o grande mistério da vida.


Eu acho que devia ser lei, pai e mãe só podem morrer depois dos 100 anos. E esses anos deveriam ser vividos cheios de saúde, sem sofrimento, para que pudéssemos aproveitar juntos todas as fases da vida. Ta aí uma coisa que acho que nunca vou conseguir entender, a morte.

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