Muito inteligente, rica em detalhes. A princípio passa a impressão de uma produção muito simples, e de fato é. Não é daqueles espetáculos cheios de "acessórios", tipo superprodução. Mas é justamente isso que encanta. Um cenário super simples, manipulado pelos próprios atores no palco, que parecem atores circenses tamanha desenvoltura e leveza nos movimentos.
Uma comédia refinada, que não causa riso gratuito, porque nos faz pensar para saber porque estamos rindo.
A peça conta a história da prostituta Shen-Te, interpretada por Denise Fraga, que vive na pequena província de Setsuan. Ela abriga em sua casa um Deus que estava a procura de uma alma boa que o fizesse a acreditar novamente na humanidade. Ao conhecer Shen-Te ele acredita ter encontrado o que procurava e decide dar-lhe uma recompensa em dinheiro. Com esse presente "dos céus", Shen-Te compra uma tabacaria na cidade, a fim de sair da vida de prostituta e conseguir se manter financeiramente. Mas os habitantes do local se aproveitam da bondade da moça e começam a explorá-la. Sem saber como sair dessa situação, Shen-Te inventa um primo, do tipo durão, vivido pela própria Denise Fraga. A partir desse momento a atriz demonstra toda a sua versatilidade e a trama se desenrola de forma agradável e ao mesmo tempo dramática, em que ela vivencia situações que evidencia o duelo entre a bondade e a maldade do ser humano.
Ao final do espetáculo, os atores se reúnem no palco e propõem uma reflexão a todos os espectadores. Qual seria o fim ideal para Shen-Te? Será que ainda existem pessoas boas no mundo? Se existem, que fim essas pessoas merecem? Estamos acostumados a ver pessoas se dando bem a custa da bondade dos outros, enquanto os verdadeiros bons acabam sendo esmagados pela maldade e egoísmo dos outros.
A atuação de todos está muito boa, mas destaco Denise Fraga, Ary França, Joelson Medeiros, Marcos Cesana e Fábio Herford.
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