quinta-feira, 23 de abril de 2009

Cheguei bem cansada da viagem do congresso no domingo, dia 12/04. E já na segunda tinha que trabalhar bem cedo.

A idéia de ir para Londrina no final de semana seguinte, para mim, não era das melhores. O que queria mesmo era ficar em casa nos 4 dias do feriado de Tiradentes, descansar, colocar as coisas em ordem e descansar de novo.

Passei a semana tentando convencer o Rafael para não irmos, mas como ele queria muito acabei cedendo. O que eu não podia imaginar era o que nos esperava, literalmente, no caminho.

Aquela sensação de não querer ir parecia muito estranha pra mim. Nunca senti isso antes, pelo contrário, sempre que tem um feriado prolongado pensava em escapar para Londrina. Mas desta vez não foi assim e eu não sabia porque. Combinamos de sair na sexta direto do trabalho, como fazemos de costume. De manhã já colocamos as malas no carro e seguimos para o trabalho. Durante todo o dia aquela vontade de ficar apertava no peito e eu sem entender nada. O que havia de errado comigo? Porque não queria passar o feriado "em casa" com a minha família? Pensava que era apenas pelo cansaço acumulado da semana passada e da gripe que estava querendo me atacar.

Quando saímos do escritório rumo a Marginal Tietê, estava preocupada com o trânsito intenso e cheguei a sugerir ao Rafael de sairmos no sábado de madrugada. Paramos numa farmácia e quanto voltei para o carro o Rafael aceitou a idéia de dormir em casa e sair bem cedo no sábado, pois ele estava com muito sono. Será que era um sinal de Deus de que realmente não devíamos ir? Confesso que fiquei aliviada dele ter aceitado a minha idéia, mas também angustiada por não saber o que estava acontecendo. Cheguei em casa e ao tomar banho, em espírito, falei com Deus que caso não devessemos viajar que permitisse que alguma coisa acontecesse que nos impedisse de ir. Fui dormir convicta de Deus faria qualquer coisa acontecer para nos impedir de sair de São Paulo.

Às 4 da manhã o despertador tocou e nada tinha acontecido. Aquietei meu coração e me arrumei para sairmos. Ainda estava com muito sono, por isso dormi durante todo o trajeto até a nossa parada para tomar café. Depois despertei e passei a curtir a viagem. Queria ver o sol nascer. A estrada estava com muito neblina e passávamos por lugares com um visual lindo. Então, peguei o celular e comecei a tirar fotos da paisagem. Estávamos maravilhados com algumas cenas. Parecia tudo tão bom, tão tranquilo, e eu relaxei totalmente. Logo a neblina sumiu e o sol despontou forte e majestoso no céu.

Falei com a minha mãe pelo celular quando estávamos em Ourinhos e a nossa programação de chegada era por volta das 11:00h. Troquei o CD no rádio e começamos a cantar as músicas juntos, conversando e rindo.

Logo depois que saímos de Cornélio Procópio, ao fazer uma curva, o carro passou por cima de umas "tartarugas", perdeu totalmente o controle, invadiu a pista contrária à nossa, caiu na canaleta e parou no meio da pista.

Não entendi como isso aconteceu. Em questão de segundos estávamos na outra pista, o Rafael forçando o volante do carro para que ele voltasse ao sentido correto mas ele não obedecia. A única coisa que consegui fazer foi olhar para frente pra ver se vinha algum carro contra nós. Graças a Deus não vinha nenhum e nem veio em seguida que paramos.

Quando o carro parou, desci imediatamente com medo de que viesse algum carro e batesse enquanto ainda estivéssemos lá dentro. Logo parou um carro para ver se estava tudo bem conosco e, em seguida, já chegou o carro de apoio da concessionária que administra a rodovia. Embora não tivéssemos sofrido nada, o socorro chegou muito rápido e não ficamos sozinhos nem 1 minuto sequer na pista.

Passo o susto da batida e a tremedeira das mãos(!!!), comecei a raciocinar e enxergar o livramento que Deus nos deu. Primeiro, não permitindo que saíssemos na sexta a noite, porque se esse acidente tivesse acontecido de madrugada poderia ter sido tudo muito diferente e, segundo, por não ter permitido que nenhum carro viesse a nossa frente no momento em que perdemos o controle do carro. Estávamos vivos e sem nenhum arranhão sequer no corpo. Comecei a entender a aflição do meu coração em não querer viajar e, na mesma hora, meu coração se encheu de uma gratidão e de alegria por estar viva e inteira. Sentei no asfalto da estrada e, em espírito, agradeci a Deus e senti um amor tão grande dentro de mim que minha vontade era sair pulando e cantando e agradecendo! A primeira música que veio na minha mente e que comecei a cantar baixinho foi: "Celebrai a vida, celebrai Jesus.....celebrai a nova vida com Jeus"!!!

O Rafael estava indignado, sentindo-se culpado e mal pelo que tinha acontecido e preocupado com os gastos e transtornos que teríamos dali pra frente. Mas eu não conseguia pensar em nada disso, só pensanva na bondade e misericórdia de Deus. Em como Deus faz as coisas de forma perfeita. É inexplicável.

Ao longo dos anos e de tanto ouvir isso, entendi que de tudo o que acontece na vida sempre tiramos um aprendizado. Aprendi muitas coisas com esse acontecimento. Aprendi que Deus também fala comigo, eu só preciso estar sensível ao que Ele quer me dizer. Aprendi que Deus me ama de verdade e que se ainda havia alguma dúvida disso ela foi diluída! Aprendi que é realmente verdade quando a bílbia diz que "as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos" e que "por amor do Senhor somos libertos da morte todos os dias". Aprendi que não temos controle de nada e que não sabemos absolutamente nada. Em questão de segundos tudo pode acontecer, tudo se perde, tudo se acaba e nós não podemos fazer nada. Aprendi que tenho que entregar a minha vida todos os dias nas mãos de Deus e deixar que Ele faça do jeito dEle, porque "...Teus caminhos são mais altos do que os meus, Teus mistérios mais proundos do que eu..."

Eu poderia passar horas aqui escrevendo tudo que eu senti e ainda estou sentindo, da alegria que tomou conta de mim, mesmo numa situação ruim, da profunda gratidão e amor que brotaram no meu coração. Mas paro por aqui na certeza de que Deus conhece o meu coração e contempla a minha vida, os meus sentimentos, minhas motivações, meus anseios. Continuando a música:
"Mesmo quando não posso entender, minhas lágrimas me impedem de te ver,
teus caminhos são mais altos que os meus, teus mistérios mais profundos do que eu....
te adoro Senhor, calo o meu coração e me prostro.
Te adoro Senhor, no dia mau quero proclamar:
confio em teu amor que não mudará, nem mesmo a morte pode me separar
Do teu cuidado e proteção
Mesmo quando não te vejo sei que a tua mão me sustenta.
Não temerei más notícias
Mesmo no vale da sombra da morte, comigo Tu estás."





O trajeto feito pelo carro marcado no asfalto


Se não fosse esta canaleta teríamos batido de frente com uma parede de pedras



O carro sendo guinchado

Nenhum comentário: